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“O meu percurso como líder tem sido desafiante, mas rico. Num contexto étnico, racial e de género, fui sujeita a exclusões.”

A liderança e a líder feminina - #BreakTheBias

Na definição de liderança, não se distingue se o acto é feminino ou masculino. A habilidade da pessoa líder no contexto organizacional, político, comunitário, social, religioso, familiar tem sempre por detrás uma habilidade – seja de motivação, de influência, de inspiração, instintiva – de comando. 

A nossa existência e a nossa identidade(ontológica) são únicas. Sermos diferentes acontece por atributos sociológicos, e é nessa diferença que se distinguem as habilidades de liderança. Por isso é que os atributos de um ser feminino são diferentes dos de um ser masculino numa perspetiva de papéis de género.

Assim, percebemos que a líder feminina é mais focada nas pessoas, mais inclusiva, sensível, criativa, multifocada, sendo uma liderança de habilidades interpessoais. Entende-se que a sensibilidade e o sentido de empatia, dirigir e gerir em múltiplas direcções, maior predisposição à mudança, um sentido criativo, comunicativo e persuasivo são características que determinam a líder feminina.

O histórico cultural moçambicano tem um peso muito grande, temos realidades distintas, o que leva a que, quando se fala de liderança feminina, esta tenha pesos e significados bem distintos, quer no contexto geográfico, no local de trabalho, quer no círculo social, familiar – seja pelo cônjuge, pela família, pelos amigos e pela própria pessoa (considero pessoa e não mulher por acreditar na inclusão de todos os géneros).

Moçambique vem, desde as últimas duas décadas, ganhando mais e maior consciência do papel da líder
feminina. Seja por conveniência discursiva, seja pela moda mundial, seja por crença (movimento social interno). No contexto laboral, quanto mais diverso – de género, raça, étnico, nacionalidade, religião, linguístico, condição fisica, entre mais –, maior é a inevitabilidade para a inclusão. 

O meu percurso como líder tem sido desafiante, mas rico. Num contexto étnico, racial e de género, fui sujeita a exclusões. Só educação não é suficiente, uma postura determinante, persistente, resiliente, humilde, ética e leal permite resistir e vencer barreiras propositadamente colocadas e as invisíveis, que qualquer sociedade tem. Ser uma líder (deixo cair a palavra feminina) é saber amar, respeitar, guiar, comandar, aprender e ensinar, comunicar, ser firme e desenvolver a sensibilidade inata e permitir o crescimento das outras pessoas procurando a excelência. É compreender as forças e as fraquezas, as oportunidades e as ameaças (SWOT).

De uma carreira de mais de duas décadas em educação superior para filantropista, encontrei o meu propósito de vida. E considero-me sortuda. Foi resultado de nunca me considerar incapaz, que por ser mulher tenho menos direitos, mas usar o intelecto como forma de combater estereótipos.

É preciso #BreakTheBias. Uma vontade colectiva da comunidade e da sociedade.