A Era Digital e a Transformação no Ecossistema de Educação
Artigos SPROWT | Pedro Fernandes
A Era Digital e a Transformação no Ecossistema de Educação
A Era Digital toca hoje os aspetos mais básicos da nossa vida quotidiana, sendo a transformação digital a melhor definição do “novo normal” num Mundo em constante mudança. Mia Couto numa aula magna ministrada em 2014, referiu-se à sociedade atual como a sociedade do efêmero, onde tudo é transitório e nasce já morrendo.
Apesar dos inúmeros avanços tecnológicos nas diferentes áreas da humanidade, mais de 3.6 bilhões de pessoas continuam sem acesso à internet e mais de 260 milhões de crianças não têm acesso à educação escolar.
A pandemia do covid-19 forçou a mudanças globais em diferentes áreas da sociedade, tendo o contacto físico sido uma das principais, colocando em causa a continuidade do modelo de ensino presencial.
Numa vertente corporativa, no início da 4a revolução industrial, as organizações a nível mundial sentiram-se obrigadas a delinearem estratégias de transformação digital contínua para continuarem a ser relevantes e inovadoras nos serviços que fornecem aos seus clientes.
Ao passo que, numa vertente da educação, a adopção de novas formas de ensino era feita de uma forma hesitante e lenta, o Covid-19 levou a uma interrupção abrupta do ensino, acelerou a adopção de novas práticas de ensino e aprendizagem em ambientes digitais sem planeamento antecipado, como forma de ultrapassar as limitações impostas pela pandemia. Em tempo record, as instituições de ensino tiveram que se readaptar às exigências que a sua sobrevivência lhes exigia.
Hoje, é essencial que não se olhe para a reinvenção da educação como algo moldado para casos emergência, ou que seja considerado como um ensino à distância. Por outro lado, embora a qualidade seja um conceito debatível e subjetivo, importa abordarmos e descontruírmos o “preconceito” de menor qualidade associada à educação online quando comparada à educação presencial. Num Mundo cada vez mais convergente entre o que é real e virtual, a autonomia e a flexibilidade no processo de construção de conhecimento representam dois dos maiores benefícios a serem explorados pelos estudantes no seu percurso, permitindo estes explorarem a partilha de experiências, conhecimento e espírito de colaboração por via das inovações tecnológicas.
O matemático Clive Humby terá sido o autor da frase “dados são o novo petróleo”. A meu vêr, os dados por si só pouco valor agregam. O que importa é a história que estes contam, e a vantagem competitiva estes agregam. Eventualmente, se olharmos para uma vertente da AI e algoritmos de machine learning, podemos perceber que uma das profissões “em risco” num futuro próximo será a do professor no seu conceito hieráquico mais básico da relação professor – estudante. O futuro da educação vai muito além de simples aulas online por via das diferentes plataformas tecnológicas, com conteúdo curricular que permanece inalterado ao longo de anos. O futuro da educação e de tudo o que envolve o seu ecosistema o qual engloba pessoas, processos e tecnologia, terá alterações permanentes no conteúdo curricular dos cursos, muito fruto da constante análise de dados que será feita com base no que a humanidade mais necessita para a sua sobrevivência.