ARTIGO SPROWT | Mody Maleiane Belchior

Mody Maleiane Belchior

Inteligência Emocional e Estratégia de Comunicação: O Papel de um Líder

Aos 48 anos, tendo passado a maior parte da minha vida nos negócios — gerindo uma variedade de empreendimentos — cheguei a reconhecer o papel crítico que a inteligência emocional (IE) desempenha na liderança. Gerir múltiplos negócios requer não apenas know-how operacional, mas também a capacidade de navegar em dinâmicas interpessoais complexas, gerir o stress e inspirar equipas a dar o seu melhor. Ao longo dos anos, aprendi que a inteligência emocional não é apenas uma “soft skill”; é uma ferramenta poderosa que permite aos líderes conectar-se de forma significativa com os outros, resolver conflitos e guiar as organizações em direção ao sucesso a longo prazo.

Inteligência Emocional: Uma Chave para a Liderança
Quando gerimos negócios diversificados, enfrentamos uma multiplicidade de desafios — seja na negociação de contratos, na resolução de disputas entre colaboradores ou na navegação por flutuações de mercado. Nessas situações, a inteligência emocional permite que os líderes mantenham a compostura, compreendam o contexto emocional das decisões e criem um ambiente onde as equipas se sintam valorizadas e apoiadas. A inteligência emocional é, essencialmente, a capacidade de reconhecer e gerir tanto as suas próprias emoções como as dos outros. Para mim, tornou-se uma parte indispensável de uma liderança eficaz.

  1. Autoconsciência
    Gerir negócios significa que estamos constantemente puxados em diferentes direções, e as pressões podem acumular-se rapidamente. Descobri que a autoconsciência — a capacidade de reconhecer como as minhas emoções estão a influenciar as minhas decisões e interações — é essencial para manter a clareza. Um líder que é autoconsciente pode reconhecer o seu próprio stress ou frustração sem deixar que isso afete o seu julgamento. Isso não apenas ajuda na tomada de decisões sensatas, mas também garante que essas emoções não impactem negativamente a equipa.

  2. Autoregulamentação
    Como empresária, existem inúmeros momentos em que as coisas não correm como planeado — desafios financeiros inesperados, negócios a falhar ou conflitos internos a surgirem dentro da equipa. No início da minha carreira, por vezes, reagia impulsivamente a essas situações. Mas, ao longo do tempo, percebi o valor da autoregulamentação, que é a capacidade de controlar reações emocionais e manter a compostura. Quando mantenho a calma diante da adversidade, envio uma mensagem à minha equipa de que somos capazes de enfrentar qualquer tempestade. A autoregulamentação promove um ambiente estável onde as equipas se sentem seguras, mesmo quando as circunstâncias são incertas.

  3. Empatia
    Gerir pessoas — desde colaboradores a clientes — requer uma compreensão aguda do que os motiva e preocupa. A empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, permite-me navegar por essas relações com maior perspicácia. Lembro-me de uma vez em que um dos meus colaboradores-chave estava consistentemente a ter um desempenho abaixo do esperado e, em vez de reagir de forma severa, tirei um tempo para entender o que se passava na sua vida pessoal. Essa conversa revelou desafios que enfrentava fora do trabalho e, ao oferecer flexibilidade, não apenas mantive um colaborador valioso, como também fortaleci a nossa confiança. A empatia é poderosa — ajuda-nos a ver além dos problemas imediatos e a conectar-nos com as pessoas que são fundamentais para o sucesso do nosso negócio.

  4. Competências Sociais
    Como alguém que gere múltiplos negócios, tenho de interagir constantemente com uma variedade de partes interessadas — colaboradores, parceiros, clientes e até concorrentes. As competências sociais são cruciais nessas interações. A inteligência emocional melhora a minha capacidade de construir relações, estabelecer redes e promover a cooperação entre diferentes grupos. Seja na resolução de um conflito entre membros da equipa ou na negociação de um contrato com um parceiro, competências sociais fortes, alimentadas pela IE, permitem-me comunicar eficazmente e construir relações profissionais duradouras.

Como a Inteligência Emocional Molda a Comunicação
Para os líderes, a comunicação não é apenas sobre transmitir informações, mas sobre garantir que a mensagem é entregue de uma forma que ressoe com os outros. Na minha experiência, a inteligência emocional de um líder reflete-se no seu estilo de comunicação. Ser consciente de como as minhas palavras e tom afetam os outros ajudou-me a promover relações mais produtivas e significativas com as minhas equipas, clientes e parceiros. Aqui está como a inteligência emocional molda uma comunicação eficaz:

  1. Transparência
    Nos negócios, a transparência é fundamental. Quando surgem desafios, descobri que ser honesta com as minhas equipas sobre o que estamos a enfrentar — mesmo quando as notícias não são boas — constrói confiança. As pessoas apreciam a honestidade e os líderes emocionalmente inteligentes compreendem que manter a equipa informada cria uma cultura de respeito mútuo. Quer estejamos a passar por uma recessão financeira ou a mudar para uma nova estratégia, asseguro que a minha comunicação é clara e aberta, o que ajuda a unir a equipa em torno dos nossos objetivos coletivos.

  2. Comunicação Empática
    Como mencionei anteriormente, a empatia tem sido crucial nas minhas interações. Ao lidar com colaboradores ou parceiros que enfrentam dificuldades, uma comunicação emocionalmente inteligente ajuda a preencher lacunas. Em vez de reagir com frustração quando surgem problemas, tiro tempo para ouvir e entender de onde os outros vêm. Esta abordagem não só resolve problemas de forma mais eficaz, mas também promove lealdade. Quando as pessoas se sentem ouvidas e compreendidas, estão mais comprometidas com o sucesso da organização.

  3. Adaptar a Comunicação ao Público
    Cada situação de negócios exige uma abordagem de comunicação diferente. Aprendi que comunicar com colaboradores sobre uma nova política é muito diferente de negociar com um cliente ou tranquilizar investidores durante um período desafiador. Os líderes emocionalmente inteligentes conseguem ler o ambiente e adaptar a sua mensagem em conformidade. Quando as coisas são incertas, uso um tom calmo e confiante para tranquilizar a minha equipa, mas em momentos de celebração, sou entusiástica e inclusiva, incentivando todos a partilhar o nosso sucesso.

  4. Escuta Ativa
    A comunicação não se trata apenas de falar; trata-se de ouvir. Vi repetidamente como a escuta ativa — prestar verdadeira atenção ao que os outros estão a dizer — pode transformar uma conversa. Seja um colaborador a levantar preocupações ou um cliente a expor as suas expectativas, ouvir permite-me tomar melhores decisões. Os líderes emocionalmente inteligentes usam a escuta ativa como uma forma de reunir informações, mostrar respeito e fazer as pessoas sentirem-se valorizadas.

Inteligência Emocional na Resolução de Conflitos
Um dos aspectos mais desafiadores de gerir múltiplos negócios é a gestão de conflitos — seja entre membros da equipa, com clientes ou entre funções de negócios. Aprendi a valorizar o papel que a inteligência emocional desempenha na resolução de conflitos. No início da minha carreira, por vezes, abordava os conflitos de forma direta, sem entender totalmente as correntes emocionais em jogo. Agora, abordo os conflitos com um sentido de empatia e neutralidade. Faço questão de reconhecer a perspetiva de todos e facilitar um diálogo aberto. Esta abordagem não só resolve a questão imediata, mas também fortalece as relações. Os líderes emocionalmente inteligentes sabem que o conflito, se gerido bem, pode levar ao crescimento e a uma confiança mais profunda dentro da equipa.

O Impacto Mais Amplo da Inteligência Emocional
Quando aplico a inteligência emocional na minha liderança, vejo os seus efeitos positivos a repercutir-se por todos os meus negócios. As equipas tornam-se mais resilientes, a colaboração melhora e a moral geral é mais elevada. Ao fomentar uma cultura onde as emoções são reconhecidas e respeitadas, crio um ambiente onde as pessoas se sentem motivadas e capacitadas a assumir a responsabilidade pelo seu trabalho. A inteligência emocional também define o tom da cultura da empresa, liderando pelo exemplo e inspirando outros a lidarem com situações com empatia e compostura.

Inteligência Emocional: O Futuro da Liderança
Como empresária a navegar nas complexidades da gestão de múltiplos empreendimentos, percebi que a inteligência emocional é mais importante agora do que nunca. As competências técnicas e o conhecimento de negócios serão sempre essenciais, mas o que realmente distingue os líderes no mundo de hoje é a sua capacidade de se conectar emocionalmente com os outros. Os líderes que conseguem comunicar com empatia, regular as suas emoções e compreender as necessidades das suas equipas são os que inspirarão lealdade e promoverão o sucesso a longo prazo.

Em conclusão, a inteligência emocional não é apenas uma habilidade periférica; está no cerne da liderança eficaz. Ao abraçar a inteligência emocional na comunicação e na tomada de decisões, os líderes podem criar equipas mais fortes e adaptáveis, resolver conflitos de forma mais eficaz e construir organizações que prosperam diante dos desafios. À medida que continuo a minha jornada nos negócios, a inteligência emocional permanece um dos meus ativos mais valiosos, permitindo-me liderar com propósito e resiliência.