ARTIGO SPROWT | Paula Vaz

Paula Vaz

A Inteligência Emocional na Comunicação e na Liderança - Aspectos Práticos

A inteligência emocional (IE), abordada por Daniel Goleman em 1995, veio revolucionar o campo de avaliação da inteligência, introduzindo um conceito completamente novo, aliando a emoção e a gestão das emoções à inteligência. Desde então, este conceito vem sendo aprofundado por diversos autores e abriu novas dimensões nas estratégias de comunicação. Neste artigo, abordar-se-á de forma muito prática, estratégias simples para melhorar o nível de inteligência emocional, para melhor comunicação e liderança.

Sendo que a comunicação é a espinha dorsal de qualquer organização, os líderes com alta IE podem comunicar os seus pensamentos de forma mais eficaz. Pois uma IE mais elevada permite “ler nas entrelinhas,” captar pistas emocionais e adaptar o seu estilo de comunicação para ressoar na sua equipa, promovendo um ambiente de maior compreensão e colaboração. No geral, a inteligência emocional é um componente crítico de uma liderança eficaz. Os líderes que possuem altos níveis de IE estão mais bem equipados para navegar em dinâmicas sociais complexas, construir relacionamentos fortes, e inspirar e motivar outras pessoas para alcançar objetivos compartilhados.

Os líderes genuínos e abertos nas suas interações são, de forma geral, vistos como mais confiáveis e éticos. A alta IE contribui para essas percepções, porque aumenta a capacidade dos líderes de se conectarem com os demais a um nível mais profundo e pessoal.

Para serem eficazes, os líderes devem ter uma compreensão sólida de como as suas emoções e ações afetam as pessoas ao seu redor. Quanto melhor um líder se relacionar e trabalhar com os outros, mais bem-sucedido ele será. Por conseguinte, é importante os líderes reservarem um tempo para aprofundarem os pilares da IE, que são: a autoconsciência, a autorregulação, a motivação, a empatia e as habilidades sociais.

Auto-consciência

A autoconsciência permite que líderes com alta IE estejam cientes das suas emoções e do modo como estas afetam os seus pensamentos e os seus comportamentos. Esta consciência ajuda-os a gerir as suas reações e interações com os outros. A autoconsciência é um componente vital da inteligência emocional e desempenha um papel crítico no crescimento pessoal, na tomada de decisões e na eficácia da liderança. Existem imensas estratégias para aumentar a autoconsciência e gostaria de destacar algumas, que, sendo acessíveis, têm imenso impacto, nomeadamente:

1. Diário reflexivo

Prática: Escreva sobre os seus pensamentos, sentimentos e experiências regularmente. Reflicta sobre as suas reações a situações específicas, identificando padrões nas suas respostas emocionais.
Benefício: Isso ajuda-o a obter insights sobre os seus comportamentos e processos de pensamento.

2. Mindfulness e Meditação
Prática: Envolva-se em práticas de mindfulness, como meditação, exercícios de respiração profunda ou yoga. Concentre-se em estar presente e observar os seus pensamentos e emoções, sem julgamento.
Benefício: A atenção plena aumenta a sua consciência do seu estado mental e ajuda-o a compreender melhor as suas emoções.

3. Procure feedback
Prática: Peça feedback construtivo aos seus colegas, mentores ou supervisores sobre os seus pontos fortes e áreas para melhoria. Use ferramentas como avaliações de feedback de 360 graus.
Benefício: Receber perspectivas externas pode ajudá-lo a identificar pontos cegos na sua autoavaliação.

4. Autoavaliação regular
Prática: Envolva-se em autoavaliações regulares para avaliar as suas emoções, comportamentos e bem-estar geral.
Benefício: Esta avaliação contínua ajuda-o a manter-se sintonizado com os seus sentimentos e reações ao longo do tempo.

5. Conecte-se com seus valores
Prática: Identifique e reflicta sobre os seus valores e crenças fundamentais. Considere como esses valores influenciam a sua tomada de decisão e o seu comportamento.
Benefício: Alinhar as suas ações com os seus valores pode levar a uma compreensão mais profunda das suas motivações.

A autorregulação permite aos líderes controlar os seus impulsos e respostas emocionais, promovendo um ambiente de trabalho calmo e estável. Esse autocontrole também ajuda na tomada de decisões ponderadas, em vez de reativas.

1. Consciência Emocional
Prática: Verifique regularmente as suas emoções. Pergunte-se a si próprio como se está sentindo ao longo do dia e identifique os gatilhos para suas emoções.
Benefício: Uma maior consciência emocional ajuda-o a compreender e responder aos sentimentos em vez de reagir impulsivamente.

2. Reenquadramento cognitivo
Prática: Desafie os pensamentos negativos, transformando-os em positivos ou neutros. Por exemplo, em vez de “não posso fazer isso”, pense “vou dar o meu melhor e aprender com os erros”.
Benefício: Esta mudança cognitiva pode ajudar a reduzir a ansiedade e aumentar a confiança, levando a respostas emocionais mais construtivas.

3. Definição de limites
Prática: Defina e comunique claramente os seus limites pessoais em contextos pessoais e profissionais.
Benefício: Estabelecer limites ajuda a gerir o stress e a sobrecarga emocional, permitindo interações mais saudáveis.

4. Desenvolva Objetivos Pessoais
Prática: Defina metas específicas e realistas relacionadas ao seu comportamento, respostas emocionais ou bem-estar geral. Utilize os critérios SMART (Específico, Mensurável, Realizável, Relevante, Calendarizado).
Benefício: Trabalhar em direção a objetivos pessoais proporciona motivação e direção na prática da autorregulação.

5. Expressão Construtiva de Emoções
Prática: Aprenda maneiras saudáveis de expressar emoções, como através da arte, da escrita ou conversando com alguém em quem confia, em vez de reprimir as suas emoções.
Benefício: A expressão construtiva pode aliviar a tensão emocional e melhorar a autorregulação, prevenindo o acúmulo emocional.

6. Atividade Física
Prática: Faça exercício físico regular, seja caminhar, nadar, jogar futebol, ou outros.
Benefício: A atividade física libera endorfinas, melhora o humor e ajuda a regular os níveis de stress e ansiedade.

7. Pratique a Gratidão
Prática: Mantenha um diário de gratidão ou passe alguns momentos todos os dias reflectindo sobre as coisas pelas quais sente gratidão.
Benefício: Concentrar-se em aspectos positivos da vida pode melhorar o seu humor e equilíbrio emocional, ajudando-o a regular as emoções negativas de forma mais eficaz.

Ao implementar estas estratégias de autorregulação, pode melhorar a sua capacidade de gerir as suas respostas emocionais e comportamentos, levando a melhores relações pessoais e profissionais e bem-estar geral.

A empatia ajuda-nos a compreender e partilhar os sentimentos dos outros, e ela é fundamental para os líderes. Líderes empáticos podem construir relacionamentos sólidos e entender a dinâmica da equipa, oferecendo suporte aos membros da equipa, quando necessário. Melhorar a empatia é uma habilidade valiosa que melhora os relacionamentos e promove a compreensão em ambientes pessoais e profissionais. Aqui estão várias estratégias para desenvolver e aumentar a sua empatia:

1. Escuta Activa
Prática: Concentre-se completamente no que a outra pessoa está a dizer, sem planear a sua resposta enquanto a escuta. Use pistas não verbais, como acenar com a cabeça, para mostrar que está envolvido. Preste atenção à linguagem corporal, expressões faciais e ao tom de voz.
Benefício: A escuta ativa ajuda-o a compreender verdadeiramente a perspectiva e as emoções da outra pessoa. A comunicação não verbal, muitas vezes, transmite emoções que as palavras não conseguem transmitir, aumentando a sua empatia.

2. Faça perguntas abertas
Prática: Incentive uma conversa mais profunda fazendo perguntas que exijam mais do que uma resposta “sim ou não.” Por exemplo, “Como essa experiência o fez sentir?” ou “Qual foi a parte mais desafiadora para si?”
Benefício: Esta prática promove um diálogo mais significativo e permite que os outros articulem os seus pensamentos e sentimentos.

3. Tente colocar-se no lugar do outro
Prática: Tente imaginar como se sentiria na situação da outra pessoa. Considere os seus antecedentes, circunstâncias e sentimentos.
Benefício: Ao visualizar a experiência a partir de uma eventual perspectiva do outro, poderá cultivar uma conexão emocional e uma compreensão mais profundas.

4. Reflicta sobre as emoções
Prática: Após as conversas, reserve um momento para reflectir sobre as emoções transmitidas. Considere como a outra pessoa se pode ter sentido durante a interação e por quê?
Benefício: A reflexão ajuda a reforçar a sua compreensão das experiências emocionais dos outros e aumenta a sua consciência emocional.

5. Seja voluntário ou ajude os outros
Prática: Envolva-se em serviço comunitário ou trabalho voluntário, que o coloque em contacto com pessoas de diferentes origens e circunstâncias.
Benefício: O contacto com realidades diferentes da sua pode expandir a sua perspectiva e aumentar a sua empatia.

6. Controle os seus julgamentos
Prática: Quando estiver a interagir com alguém, tente evitar julgar imediatamente os seus sentimentos ou ações. Em vez disso, tente compreender o que pode estar a motivar o comportamento dessa pessoa.
Benefício: Reduzir o julgamento permite que se aproxime das pessoas com uma mente aberta, promovendo a empatia.

Conclusão Ao implementar essas estratégias, pode melhorar a sua capacidade de empatia, levando a conexões mais profundas com os outros e a uma melhor compreensão dos seus sentimentos e experiências. A empatia é essencial para relacionamentos interpessoais, trabalho em equipa e, no geral, para a inteligência emocional.

Habilidades sociais Líderes com alta IE tendem a ter excelentes habilidades interpessoais. Eles conseguem comunicar-se de forma eficaz, resolver conflitos e inspirar e influenciar outras pessoas, facilitando a colaboração e o trabalho em equipa.

Motivação Líderes emocionalmente inteligentes não são apenas auto-motivados, mas também capazes de motivar a sua equipa ao criar uma visão e incentivar o envolvimento através de metas compartilhadas. A automotivação e a motivação da equipa são componentes essenciais para atingir objetivos pessoais e promover um ambiente de trabalho produtivo.